quinta-feira, 7 de junho de 2012
Arremate
Essa inocência clara em teus olhos jamais me faria crer, que nesse teu
profundo, profanasse um mundo de ilusões sem pés, e alguma cabeça que
vira a tua ao contrario, de tudo o que vivemos, e então, como é meu querido
que poderia olhar para direção de seus pés que caminham ate a
mim? Teu corpo me caminha a todo instante, tua mente é minha aura,
teu amor minha alma, me constrói em teus desejos, fizestes de mim
alguém seu, dos meus restos plastificastes o que eu não era mais em
pura arte. Arte é tudo que reconheço ser depois de me levarem tudo,
é tudo que ainda cria, que ainda cre. Como pode me virar as costas
com a cabeça virada me olhando, mesmo que tuas mãos conduzam uma outra
mão qualquer, de mulher, outro personagem teu e daquele
alguém que lhe torceu o pescoço, e ainda se sentir seguro tão próximo
do abismo? Olha pra frente criatura, olhe teus pés, olhe pro chão,
olhe pro abismo, vê? O abismo que há entre eu e você? Sou eu quem te
cega os olhos, ou a voz aquém da sanidade que lhe trata na inverdade
que deseja crer? Por empurrões de um passado triste que o levarão a
adentrar uma fenda de breu e descrença num sobrevôo assustado de quem
paira em queda, num pavor infinito, desejando que o tempo voltasse,
que voasse ou lhe carregassem em pleno ar, tudo menos o chão, menos o
fim. Pois então caia, pra que deseje tudo menos chao, menos fim, dê-se
fim ou crie suas proprias asas e salve-se, quem puder, porque ja estou
salva, foi você quem me salvou, mas nao espere por mim, nem nada de
mim, meu coração é plástico e arte, ou me arrematarão, ou me
arremate.
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