sábado, 8 de dezembro de 2012

Xadrez

Que olhar é esse que pôs meu coração em xeque? Sou rei pulando de casa em casa, postergando o inevitável fim, mate! O que é mesmo o sofrer, pra quem foi jurado? Sou réu condenado. Se há um Deus neste raio de céu e trovoadas que berram por entre nuvens carregadas a vindoura tempestade de lágrimas, peço-lhe que me reduza a pena, que tenha pena e considere meu penar. Eu rezei Seu Deus, rezei sim senhor, pra que a dor parasse de me perseguir. Por legitima defesa matei o que agora habita em mim. Xadrez perpetuo a dor, eu a condenei, fiz justiça com as próprias mãos, lavei-me de honra com o sangue que era meu. Sou rei falido, corrompido, derrotado por um olhar de quase amor que quer minha cabeça, como se já não a tivesse, como se não bastasse a lança atravessada no peito. Quer me ver sofrer como se não soubesse que já sou fim. Arcanjo dionisíaco, o diabo com o rosto de cristo me arrasta por um inferno com cara de céu, e já nem sei que como sera a vida após o fim. É uma morte que não ha, mesmo que eu quisesse.