quarta-feira, 28 de julho de 2010

Far-se-ão

Quando se tem foco
Não importam as pedras
Não importam os sapos
Não importam as cobras
Não importam os ratos
Não importam os burros
Não importam os cavalos
Nenhuma vaca, nenhum veado
Animal algum vai atrapalhar seu caminho
Não haverá barreiras
Cada gota que escorrer no teu rosto
Cada lagrima que cair do teu olho
Far-se-ão valer
Quando se tem foco

sexta-feira, 23 de julho de 2010

O tardar

O balde está cheio
Não sei porque ainda espero por aquela gota
Aquela que faz tudo se esparramar pelo chão
Aquela que demora a vir, mas se vem inunda
Pra que esperar por ela chuta logo esse balde
É que as doses tardam
Se tardam tenho mais tempo pra existir
Antes que a intensidade me inunde por inteiro e me faça
Viver.

Calma

Esse silêncio grita no meu ouvido
Cobrando a alma, calma!
Já vou! Só não sei quando...
Preciso me embebedar de coragem
E dirigir sem medo, que viagem...
É noite, não se enxerga nada
Mas sei onde vou chegar
Lugar nenhum, eu sei
Mas a sensação é boa
Por isso meus ouvidos doem
Mas calma.

Você precisa de dinheiro

De repente 5:50. Nossa passou tão rápido, mal se fecharam os olhos e algum barulho alardeia, grita, berra, escandaliza que a escravidão continua. Levanta esse teu corpo pesado e doído rápido, porque neste momento os minutos são muito mais rápidos. Um minuto a mais na cama são dez de atraso. Levanta. O frio vai entrar pelas frestas da tua blusa quentinha, vai te arrepiar o corpo, até que acenda a luz. Bom dia. Teus olhos ardem, e através de sombras e vultos vc tenta chegar até o banheiro. Mais frio. Joga água fria no teu rosto, na tua boca, vai anda. É vc tá vivo. Vc se veste pensando que – olha que legal – o dia está só começando “vou trabalhar ou chuto o balde? Vou trabalhar. Preciso de dinheiro”. Boa sorte. No ônibus lotado ao som do pagode vindo de algum celular agradeça, pois hoje não é funk, e nem está chovendo. Caminhando até o campo de concentração onde passará suas próximas 10 horas sob regime militar, pensa na vida, mas olha pro chão pra desviar das merdas. Chegou. Hora de seguir pelo prédio de concreto cor de cinza sem vida, pegue o elevador. Tem 30 pessoas esperando pra entrar, espere, tente pelo menos entrar no elevador sozinho depois de um ônibus abarrotado. Ao esperar o próximo, chegam mais 40 pra subir. Paciência. Entre nesse mesmo, vc já está atrasado. As pessoas se cumprimentam e os odores aparecem. Bafos de café, perfume de quinta, desodorante de sexta, 7º andar. Corredor, luz fria, abra a porta e dê bom dia a todos. Abra um sorriso porque nas próximas dez horas vc vai se virar para resolver todos os problemas do mundo. Sente-se em sua cadeira, ligue o computador e tente não olhar a hora, pois de tempos em tempos o tempo para, e quando achar que passou meia hora e o relógio continuar marcando a mesma hora não se assuste. Quando atender o telefone alguém vai te desejar um bom dia e perguntar se está tudo bem, diga que sim e pergunte o mesmo. Resolva o problema dela. Meio dia. Uma sensação impagável de alívio, afinal passará os próximos 10 minutos desviando de merdas, os próximos 10 minutos na fila do restaurante kilo, vai ser atacado por algum pegador de alumínio pelas ultimas batatas e vai esperar mais cinco até vir outra bandeja. Acabou o suco de laranja. Tudo bem pega o de goiaba. Os próximos 20 minutos comendo com agradável som ambiente de feira, os próximos 10 na fila pra pagar ouvindo os mais absurdos assuntos, e os próximos 10 desviando de merdas. Ufa, faltam só 5 horas pra acabar o dia. Mais 10 horas se passaram entre 15h e 18h, mas foram só 3 por incrível que pareça. Acabou o dia. As trombetas soam, e a felicidade te inunda, desvia das merdas cantarolando, entra no ônibus lotado menos mau humorado, mesmo com o fedor mais saliente, chega em casa e terá cerca de 3 horas pra fazer tudo que vc precisa fazer pra organizar sua vida, toma um banho quente, relaxa, deita na cama, só faltam 5 dias como esse pra chegar o final de semana, apaga luz. 5 minutos. Bom dia, vc precisa de dinheiro.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Incompetente

Gente depois de mim, esbraveja coragem e audácia inconseqüente
Mas os anos de vantagem a fizeram calar,
enquanto nascias eu já sabia falar
e enquanto falas eu já sei pensar.
falar sem pensar é que é incompetência, sabia?
e esse apontar sem saber? Inconseqüência.
Aprendeu?
Não há lição para os burros
São incapazes de enxergar o limite
Limite próprio, é, entendeu?
Melhor deixar quieto.