domingo, 25 de abril de 2021

O rei e a flor

Amarelo em pétala 


Raio em molécula 


Constitui-se a coroa do astro 


O rei sem mastro 


Maestro, mestre


Cresce do chão, 


Nasce silvestre 


De flora em flor


Gêmea, Fêmea, in natura


Efêmera, pura 


Decaída, aspira


Entumece e gira


Em direção ao que gira


O andarilho 


Detentor de todo brilho


De toda a vida 


Aos poucos absorvida


Nas cutículas, em gotículas 


O orvalho embebe


Sob esferas cristalinas 


Prevê-se a sorte, o futuro


De quem sobrevive ao escuro 


Irresoluto, inevitável e duro 


Na mira da alva e impiedosa amante nua


Que seduz diante do espelho


Altiva e crua 


No palco de seu protagonismo 


À luz do mistério, inebria o egoísmo 


E a plateia é muda


A ave no entanto


Anuncia no canto


O retorno do rei em sua aurora


E a flor que na dor de outrora 


Ansiava tão esperada hora 


O calor era amor 


Ainda que irradiado à distância 


Entre polares estâncias 


O verde, no que diz-se esperança 


No caule e na folha eram cor 


Eram um, do nascer ao pôr


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