terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nós

Eu não quis mais olhar nos teus olhos, mas perdi as contas de quantas vezes os vi procurarem minha boca, e quantas vezes a sua procurou chegar na minha. Por maior que seja a empáfia do orgão que tem como são, quão fragil é o que te resta de corpo, quando está a meio pé do meu. Nessa hora toda a angustia cai por terra porque me nomeia colona da tua. Sou baroneza e te sou nobre, tão pobre de vc quando quero, tão rica quando perto. Às vezes me dá vontade de virar tua cabeça com as mãos e não como já viro, mas como hei de vir, e te beijar daquele jeitinho q vc odeia, como quem quer ensinar, só pq nao admite q quer aprender, se deixar. E por mais que tente seguir, à sua maneira viril de se virar, não é capaz de ir, sem voltar, pq ainda te sou porto, do amor que se finge de morto, e que surge cara de pau a cada olhar. E daí vem aqueles risos sem a menor graça, impossíveis de conter, que já vem entregando tudo, e não há outro meio que não rir, quando se quer chorar. Chorar sobre a saudade burra, sobre a distância imbecil, inutil quanto somos. Só porque somos adoradores da dor mais do que amantes a nós. Os nós que nos amarram.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mal

Começa a me faltar sentimento pra falar de você, tua distância tem sido bem vinda, e por que ao final de todo amor pensa-se que ele nunca existiu? Eu penso que ele existiu, talvez só comigo, talvez só contigo, talvez a gente não viu. De tudo levo apenas a dor, daquelas palavras que pareceram tão sinceras. Não sei porque dei ênfase àquele "eu te amo", sequer pude imaginar dizer isso sem sentir. Vc sim. Mas eu te amo, e sei disso porque ainda quero ver a sua cara, e vc a minha, por isso sei que o amor não existiu, existe, sublime, tão altivo as nossas bobagens, as nossas palavras, a nossa amizade. Eu vou arrumar outro, vc já tem se arranjado, mas ninguém esquece o mal resolvido, o mal acabado.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Perto

Fim, te sinto tão perto... não só porque as manhãs não mais amanhecem cor de rosa naqueles inumeros tons do amor, nem pelo tom daquela voz, mas porque te quero. Nunca te desejei tanto quanto agora, tanto quanto quero teu sabio prevalecer. Quão inutil foi relutar por algo que vinha, que vem, e quão nobre foi o meu achar somente pela inocencia do sentir. A validez esteve no perecivel desencontro pela razão, na grandeza do permitir. Se deixar as cegas consciente soa burrice pra quem vê, mas talvez a burrice esteja no ver, pois ninguém sente como o cego. Não te julgo feliz, nem triste, te julgo ser, e espero nada menos que se aposse de seu trono, pra que então surja um começo, nessa eternidade onde nada começou, nem nada se acabará.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tortura

Eu sinto que quando me olha, é só pra me fazer faltar o ar. E quando chega perto, é pra ver meu quase desfalecer. Se falo, me mira a boca, só pra eu perder uma linha de pensamento. Quando me encosta, é só pra me ver perder o chão. Se me beija a boca é só pra me ver em desconcerto, em desalinho, em desespero. Exímio torturador, como te nutre me ver sofrer. Só não pede que eu caia sob os joelhos, porque não pede, obriga, obrigada pela maestria de dominar. Mas tamanha sabedoria não compele em me ver implorar. Minha rebeldia te inebria, me resta ainda o oculto que te fascina, não me tens inteira, e assim te domino, te abomino e te faço implorar. Há de me ter todinha, quando eu quiser, quando eu deixar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ariranha

Ai se não fossem teus amores diversos, eu poderia crer num futuro já pretérito, indicativo de intermitente, preposição singular, artigo indefinido. Embora outrora houvesse amor, não sei o que há. Presente ar de solidão. Se há cada dia não me surgisse com uma, boa nova seria um. Aquele que aguardo capaz de amar um, pelo menos de cada vez. Aquele resguardo passado, que de dentro não saia, descobriu-se doador do muito amor empoeirado, recoberto de teias da armadeira que lhe introduziu o veneno dolorido e ardiloso que há muito procura qualquer droga que cure, ou algo que supra, ou algo que assopre. Quem diria... onde só havia lugar pra uma aranha, estás a dar abrigo a tantas outras prontas pra digerir vagarosamente o lhe resta de carne, do lado de dentro despeito. Se ao me ver, o coração voltar a pulsar, há de exalar o veneno transmutado repelente, então as pragas voltarão aos seus buracos, serás são. Meu amor não vai te doer, sou ariranha, meu habitat é de agua doce e calma, me alimento de peixe, mais especificamente: traíra e piranha, sou mansa, pantaneira e espero seu amor pelo resto de uma vida inteira.