quarta-feira, 29 de junho de 2011

Saudosismo do nunca

E por falar em saudade, acho estranho sentir saudade do que não foi, ou saudade do que estaria por vir. Eu sinto saudade de nunca ter deitado na sua cama, eu sinto saudade do nosso nunca namoro, do nosso nunca casamento, e dos filhos lindos que nunca teremos. Sinto saudade de nunca ter acordado ao seu lado, muito menos dormido e de nunca ter te visto dormir. Sinto saudade de nunca termos almoçado em familia, nem com a sua, nem com a minha, nem com a nossa. Sinto saudade de sentir que te terei pra sempre, embora tenha tido por apenas dois meses. Sinto saudade da musica que vc nunca cantou pra mim, e também da que vc disse que faria. Sinto saudade de estar com vc nos lugares em que queriamos estar e nunca estivemos. Sinto saudade de nunca ter olhado o mar ao seu lado, e nunca ter tomado meu vinho preferido com vc. E pensar que ja tivemos as estrelas aos nossos pés, e a lua ainda sob nossas cabeças que não abençoou o soneto mais belo já escrito. O medo dominou o futuro e tudo que somos e nunca mais seremos. O medo é mais forte que o desamor, que o desencanto. Quem dera fosse possivel o desencanto. Quem dera as fadas existissem e me fizessem como por encanto esquecer de você. Mas se elas existem não ouvem meu clamor, não sabem da minha dor, e então pediria que fosse meu no lugar de qualquer desejo que pudesse me ser concedido, eu não pensaria nem uma vez sequer. Me resta Deus, aquele que quase todos acreditam, pedir piedade pois tamanho é meu sofrimento, eu não me aguento mais. Às vezes peço que ele me leve, às vezes peço que me deixe leve, às vezes peço que me deixe de leve, me abandone no mundo e te leve até a mim.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O amor não choverá

Uma semana. Uma semana pra sentir que eternidade de fato existe, e parecer não existir. Pros outros uma vida se passou, tanto aconteceu, altos e baixos das escalas de alegria e tristeza, de encontros e desencontros, de solidão e celebrar, e aqui vazio. Vazio de parecer não ser nada, muito menos alguém. Talvez algo que sangra, talvez algo que grita, talvez algo que sinta muito, mas que não vive, passa. Há alguns milênios parecia existir vida no alguém que costumava ser. Sou somente olhos, invisíveis ao mundo, que só fazem encherem-se de agua quando deparam-se a lembrança que enxergam no passado, esse que passou, mas que nao passa, padece no presente e reticente só pra encher os olhos d'agua. Vivo a morte que abriga um corpo no leito, em posição fetal definhando-se como se quisesse renascer, mas quer morrer. Quer dar adeus ao encontro do amor, que desejou sempre encontrar, com o lugar comum de que é belo, aos olhos de quem nunca o encontrou. Já diziam os poetas do passado que "amor é dor" mas ninguém lhes deu ouvidos, porque cegos enxergavam nas palavras belas que era algo bonito, tão bonito aos cegos tanto quanto surdos, tanto quanto burros. A razão nos dá olhos e ouvidos que negamos quando falha o coração. Ele nunca acerta mas ninguém nunca parou pra pensar, só porque nessa hora ninguém pensa. Então as desculpas aparecem pra justificar o que não faz sentido, tenta-se entender por que ama, mas a resposta não vem. O coração gosta de doer, deve ser por isso que sentimos a vida correr nas veias tão intensa quando dói e perceber que antes disso nao passamos de mera existência. Mas quando a dor é muita o corpo enfraquece, atrofia, seca, como planta abandonada ao sol, e o tão belo amor, não choverá.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Aprenda a ler

Foi tanta intimidade e hoje não imagino o que passa na sua cabeça. É tão medonho saber de todos os teus segredos e não saber do único que me mata. Um garrafal ponto de interrogação bem no meio do meu cérebro, onde nada se pode prever quando tudo parece tão óbvio. Sei tanto de vc e de repente me parece um desconhecido. Que quebra-cabeças... não consigo remontar a minha. Por um momento achei q tivesse nascido pra mim, apesar de não ter certeza se nasci pra vc, só porque é tão perfeito pra mim, e pareço tão imperfeita pra vc, que isso quase me faz descrer, mas quero tanto acreditar na tragédia, no nosso drama e nos nossos papéis. Me conta pelo amor de zeus e todos os deuses da mitologia grega, o que voce quer? Vc sabe? Tua resposta foi um dolorido silêncio, tão genial e dramático quanto seus gestos que às vezes me fazem ter certeza, e às vezes não dizem nada, se é que dizem. E então me mandou falar, só porque eu nunca falo nada, e eu disse um "quero ficar com vc", no sentido de que seria a mãe de seus filhos, passaria eternidades inteiras ao seu lado, e morreria por você. Mas vc achou pouco, e sinto muito se não captou o real peso e sentido que essa simples frase significa ao sair da minha boca. Eu sou assim: breve e sucinta, uma incógnita como vc diz, e então o que esperava? Eu não preciso dizer em palavras o que você pode enxergar em meus olhos. Sua insegurança e ansia de me ver implorar são vãs, falei até demais, mas o que fazer com quem está às cegas no instrínseco desespero inútil senão berrar? Nunca mais diga "eu te amo" se não for pra ser meu. Jogar no ar pra me testar? Acho que pode fazer melhor. Pode por exemplo enfrentar a covardia que lhe tange e lhe carrega como um bebê nos braços, onde encontra o aconchego e a paz do fácil... não seria mais facil cair em meus braços? Não. Porque além da covardia existe outro vilão em seu fantástico mundo do vitimismo, o medo. Esse sim é o próprio diabo, e haja coragem hein? Então seu "eu te amo" continua sem dizer nada. Volta pra ela, aquela que tenta tapar o seu buraco negro, universal e infinito que vc não consegue enxergar, mas ela sim. A intuição feminina é infalível, mas o amor é tão grande que ela deseja enfrentar. Veja que exemplo tem ao seu lado, ela não teme em se machucar. Não se ofenda por eu lhe chamar de covarde porque é tudo que você está sendo, apesar de acreditar ainda que não seja. Minha esperança não é pequena, vou morrer esperando, mas você nunca vai saber, até o dia que olhar em meus olhos e souber ler.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não

Eu achei que era brincadeira
mas o não me soava surdo
hj me soou em brado
e veio como um suave vento do ártico
a frieza estilhaçou a alma
pedaços aos montes é tudo que sou
sem cola e sem conserto
não há fogo que me acerque do frio que sinto
não há boa noticia que me faça crer
não há vazio maior que o meu
não há dor que me doa
não há tristeza que me deixe triste
não há mágoa que me magoe
nada é pior do que sinto
a morte é tudo que me convém