domingo, 17 de abril de 2011

s/ nome (27 de Abril de 2009)

Nas páginas encontrei
Versos que me amavam me mentiam
então a sorte me faltava
quando às cegas me deixava
me traiam! me traiam!

O cigarro aceso sob a mesa
mata-me aos poucos teus versos
na penumbra noturna
candura tortura
senão teus amores diversos

Deixa-me entrar
pelas portas entreabertas
onde nada se pode ver
além do que devo esquecer
quando deparo-me às descobertas

A ti ofereço
toda minha obsessão
o que atribuir ao destino
senão o encontro repentino
desencontrou-me lucidez então

O amor é pequeno
maior que isso loucura
debater-me em meus braços
pelo anseio de nossos laços
me desperta paúra

Os sonhos então encontraram-se
surpresos: meu olho e o teu
Noiva negra beleza
Intelectual príncipe realeza
Não bastou o encontro em seu apogeu

Ironia
Bastava-me não encontra-la um dia
pra que então neste dia eu pudesse sorrir
pra que então com fé eu pudesse seguir
e de ti não riria

Corrói (9 de janeiro de 2010)

Corrói-me a censura
anulada tua presença
que quero e não quero
pois de outra estou satisfeita
mas o cantar dos quero-queros
desperta a todo instante
a dançar os teus boleros
de fascinio inebriante
que tortura tua incerteza
teu misterio, tua nobreza
teus caminhos tortos
que raspam nos meus tão certos,
tão seguros, tão mortos
quero ir pro teu deserto
que de certo me perderei
me perder em ti
pra me encontrar

sábado, 16 de abril de 2011

Carta nº5

Meu gato berra neste instante, me chamando pra dormir. Mas eu quero ficar aqui acordada pensando em vc, pensando no que escrever, pensando que não me escreve mais, vivendo a nostalgia dos nossos eternos dois dias, o saudocismo das tuas cartas que nunca mais. Eu continuo aqui no mesmo lugar, na mesma cidade, na mesma saudade, na mesma esperança de sempre. Nada mudou, a não ser as cartas que não mais recebo e o medo que antes existia pequeno e agora me toma conta - será que te perdi pra sempre? - isso me toma conta quando VOCÊ deveria me prestar contas. O que vc fez comigo? Me devolve, eu não quero ser sua. Nunca quis ser. Devolve a minha calma, meus pensamentos sãos, minha alma, meu coração. Que inferno, e nem me vendi pra vc que reina nesse ambiente de furor e desespero, fogo e menosprezo comendo o bom que vc amassou. Eu te odeio. Meu gato te odeia mais ainda. Covarde. Podia ao menos me encarar, chegar mais perto, sem aquela tua vaidade... vulgar. Queria ver vc resistir a nossa dança... mas prefere agir feito criança, então fuja! Vá se danar!

Eu queria que essa carta fosse romântica, palavras na mais perfeita ordem semântica, dissonante a tudo que é você, só pra ficar bonito de ler. Mas vc sempre me tira do sério, me faz doer como em puerpério, e não há dor maior quando algo quer nascer.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A tua volta

Bandeira vermelha
e vc nem viu
ou fingiu que não
foi só pra te lembrar
lembrar q ja esqueceu
porque?
o que será de tão grave?
tão grave quanto esquecer?
Daqui eu to te vendo
e de repente parece existir vida
mas é só nesse instante
que dura até quando vc vai
e o que fica são horas
2:20 e o que foi mesmo q eu te fiz?
só eu sei a eternidade que vivo
esperando resposta
a tua volta

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carta nº4

Em alguma nota de jornal, algum blog popular
eu preciso saber de você seu Pop.
Sei que anda pelo rio, às margens
à procura de unhas vermelhas, rabos de saia, saltos agulha
cantarolando algo, filmando algo, fitando...
a procura de dirigir, mas não dirige seu carro
pedindo a Deus, aquele que não suporta qdo ouve falar de tragédia
pra que te ajude a alcançar o samba pefeito, o samba seu...
quem dera ser maria pra te abrir portas, e ser palco pro teu mastro rijo erguer seu estandarte que um dia quis cravar em mim.
Em mim seu pendão não penetrou, caiu sobre mim pesado
e sou parte dessa pátria de mulheres incríveis
sou colônia explorada e esquecida
sou africa de dentes brancos e boas curvas
farta de temperos que enchem sua boca de água
aventura, prazer e entorpecer
aquela velha e boa história
história, lembra? da nossa...
não me sai da memória, nenhum dia
que bosta

Normal

convite
quase não
perrengue
produção
assuntos profissionais na multidão
normal
performance
surpresa
beleza
silêncio
enrrolação
silêncio
banho
sexo
banho
sono
sem sono
bom dia
sol
café da manhã bom
faxina
trabalho
desfile particular
passar camisa
dvd
beijo no rosto
até mais ver
tchau

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Função

Dá pra responder logo? Ou terei eu de atropelar novamente minha frívola empáfia pra ter uma de duas respostas? Simples: sim ou não sei.

Nem que cravassem meus dentes sensíveis no gelo poderia haver mais dor e mais frieza que a tua singela indiferença. Até agora não posso crer. Tenho em minhas mãos algo que pouco mais de um milhão morreria pra ter, e te ofereci, assim de mão beijada, lambida e você não sabe se quer. Às vezes tenho vontade de te matar, às vezes tenho vontade de te beijar por ser assim. Por rasgar meu peito ao meio sem se importar e sem saber. Me encanta o seu não saber que te amo, o seu não saber que morreria por você, o seu não saber da minha vontade de te matar. Você me irrita. Tua perfeição me irrita e eu fico querendo colocar defeitos em vc, quando sua indiferença é linda. Aclara minha soberba insignificância, me bota no meu lugar em brado. Quem eu penso que sou pra te obrigar respostas quando a beleza está no não saber. Eu te amo com todas as minhas forças embora não saiba bem o que isso signifique. Quero todos os seus prótons, elétrons e neutralize-me por favor. Eu não aguento mais essa fissão nuclear de tanto te querer.

Meu nariz escorre como cataratas agora, deixei-me pegar pela gripe por sua causa, e se meu nariz chora é porque meu olho não aguenta mais. Se em ventura me disser que sim, e não puder sentir o seu cheiro porque os orgãos dos meus sentidos trocaram de função, saiba que meu corpo não terá outra função, senão, morrer.

Monalisa (o)

Acho q nunca falei de você, porque nunca cri em qualquer futuro que seja, ou que fosse, ao ver aquela fila. Mas isso sempre me intrigou, pois, não sei exatamente em que dia foi que entrei nela. Até hoje não sei q lugar ocupo, particularmente até gostaria de saber, mas de fato nunca me importei desde que chegasse a minha vez. Às vezes eu queria saber o número da minha senha, só pra saber se falta pouco ou muito pra controlar um pouco a minha ânsia muita. E toda vez que meu número é chamado, eu acho que é sonho. Não que um dia eu tenha acreditado que fosse verdade, porque não sei se posso chamar de surreal uma realidade. Digo "uma" porque essa realidade surreal é particular, minha e sua. Diferente da que se ouve falar, da que se quer acreditar, ou seja lá o que for a realidade que já chamei de surreal.

É engraçado alguém "ter" uma fila, distribuir senhas, e ser tão generoso nessa arte de dividir o que há de mais belo. É como a Monalisa que está a espera de seu dono que a arrematará por um valor inestimável, imensuravel, sendo digno, que sá, de quem a souber roubar. E enquanto esse dono não chega, ela fica lá, disponivel somente a vista, meio distante, num cubo blindado, por alguns segundos a milhares de interessados que tanto gostariam de tocá-la, de tê-la.

Às vezes fico olhando vc aqui da janela, e tá tão perto... imagens guardadas na caixa que compartilho com a sua fila. Quase uma humanidade inteira a sua espera e vc quase sabe disso. Se eu direcionar a seta universal ao seu nome, e movimentar os dedos querendo dizer palavras, chego até vc na velocidade da luz mas... tenho que fingir que não ligo, me fingir de ocupada, me fingir de omissa, de recatada quando tudo o que eu quero é dizer: te quero. T+e+q+u+e+r+o+enter. Antes tivesse um botão escrito "sim" no teu teclado. Antes o teclado levasse ao pé do teu ouvido as palavras que tento escrever. Antes as imagens que estão tão ao meu alcance me pudessem fazer te tocar. Antes a velocidade da luz te trouxesse pra mim neste segundo. E neste segundo eu só tenho a janela, o cubo blindado ligado a tomada, o teu nome que se diz off-line, uma senha a chamar, pensando num modo de ser seu dono, de te roubar.