quinta-feira, 26 de abril de 2012

Acorda

E aí prefere ficar longe, diz que é jeito de lidar com saudade, que é pra matar o sofrer, deve ser coisa daquela terra, que se aprende de menino novo, ou velho, sei lá. Sei que nao sei se acredito, história meio mal contada essa. Ou falta crença ou falta vontade, ou falta verdade. Alguma coisa falta além de sua presença. Deve ter outra. Mulher, literatura, poesia, canção, seja qual for a criatura, ou criação, acho que nao sou mais seu refrão. Pra encurtar a saudade existe voz e palavras capazes de voarem feito um raio pra chegar a quem se ama. É um jeitinho de estar um pouco lá, um pouco cá, então a esperança aumenta, a saudade é branda, acalanta, orienta, e o suspiro é seguido de sorriso. Meus suspiros tem sido tristes, a esperança é pequena, e vai matar Seu moco! Que a saudade nunca que há de sobreviver ao abandono. Acorda moco, antes que venha outro.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Jogo

Perdi-me do tempo, o tempo me perdeu, ou ate, perdi o tempo que posso chamar de meu. Todas aquelas palavras, agora espalhadas pelo chão, sem nenhum sentido, amontoadas ocupando um espaço onde não há em mim. Nao tenho mais dificuldade em me livrar do que não me cabe. Palavras ganhadas, como panfletos de propagandas inuteis, vao para o primeiro lixo que houver. Faz jogo de quebra-cabeças onde as peças são pedaços meus, arrancados um a um, a fim de entreter, brincadeira de montar, onde eu me remonto, tentando me encontrar, em meio a palavras cruzadas. A dama que veste xadrez, sempre embaralhada em paus, ouros, espadas e coração, entre trincas, trancas e truques, no inicio de mais um efeito dominó. Entretanto, me resta idade e uma carta na manga. Pode apostar.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Conto

Pode ir estragando, quando sopra de ouvido a ouvido a ânsia desesperada pelo externo. O que ta dentro, do lado de fora de modo torto, como se isso pudesse suprir a vontade própria do doar, como se reduzisse os quilômetros, como se fosse possível substituir a presença. É assim que a gente da jeito ao que não tem, a não ser, presença. Como amazona do apocalipse tento prever o que é, e pode não ser. Um engano seria mais uma vez morrer pelas ondas, que me aproximam e me afastam de onde quero pisar com tanta firmeza: a areia, sempre movediça. Os grãos que emoldurarão a pegada, nunca estiveram ali, somente quando as células do que me chamam ser os tocarem pela primeira, e também, última vez, e tudo parecerá concreto, em meio ao abstrato inconcluso diante dos olhos. Reconhecidos restos de sonhos formarão o impressionismo numa tela de destino acreditado.

domingo, 15 de abril de 2012

Que horas?

Sabe que horas? No laço em braço que prendeu pra sempre, e nessa vontade que beija, que lambe e diz coisas tão precipitadas, sem conseqüência, tão puras quanto querer. Pueril não de jeito, de trejeito, raro, e então alguma certeza, de algum lugar, de algum modo era, o fim do cansaço da espera. Estranho... A saudade sem precedentes, sem passado ou presente, sem êxito ou sentido, mas sentida, por uma existência, partiu. A que habita eh nova, leve, e sua existência se deve por uma distancia conhecida, tão breve, tão fácil quando se sabe quem, onde, e pode planejar o quando. A espera eh doce, porque existe, e eh sabido. Eh (quase) um contar de dias, porque certeza ainda não. Praticamente sensação.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Lodo

Mudou meu humor hoje, como se ja fizesse parte de uma rotina, constituída de delírios. Se eu não tivesse me acostumado, nem teria sentido, o tanto que ja sinto. Seria ele proprietário e diria com tanta propriedade que ja me domina? Eximio condutor, porque nada eh da boca pra fora, então a selvageria que encanta eh também eficaz pela maestria do cativo a força, uma força tamanha quase imperceptível a criatura, ao animal eu. A existência era sabida, mas não seu inicio. O furacão no horizonte e no entanto em meio a ele, num piscar de olhos desatento. Me esquenta e me derrete com a mudança de seus ventos. E quando a gente acha que sabe um pouco da vida, eh como sentir firmeza em lodo, eh somente o passo que faltava para o tombo. A língua custa caro, por isso nem me meto a promessas, sigo pisando em lodo pois em que parte eh possivel ter certeza? A esperança do não tombo eh tudo q me resta.

domingo, 8 de abril de 2012

Or

E essa saudade? Esquecida do ontem,tão ja. O muito doido, e ja não arde o que vem de memória, foi, tão de repente, apareceu. Assustador, medo não, a historia não permitiria. Então a ânsia muita, quase desesperada, quase despercebida por uma intuição quase sempre falha, mas só quando se trata do mesmo assunto. Sei la, algo que vem e diz aquilo que eu quero ouvir... de um cigano, de um estranho, mas fala, e muito, sempre, as vezes berra, e tento controlar essa intensidade do novo, pulverizando o velho, pra um mesmo destino, dando lugar ao que ja esta. Siricutico, aquele de infância, ridículo em adulto, mas eh tao puro que chega a ser bonito. Agora. Se houver falha, tao costumeira, nem sei o que sera, mas que será triste. Ai, será? Será que eu ja to? Ou então como se explica esse querer chamar de amor? Quero enrolado no meu cobertor, quero denovo esse liquidificador, lembra? Começa com tudo terminando em "or".

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Re

E por deixar que ela conduza, foi então que surgiu o encontro. Por mim nada iria, nem sequer pensava, guardava talvez, algo que nem existe mais, descobri com você cujo nome só me faria lembrar, e não lembrei. Lembrei que não existe mais, alias, realizei. Você tem o nome da morte, e por esse através eh que surge um recomeço ne? Dizem por ai. Nasceu algo mesmo em meio a pedra polida que carrega teu nome em bronze, com um começo, um fim, e um recomeço rabiscado ali a mão, improvisado, quem eh que aguarda a ressurreição? Aquele que matou, morreu, ressurgi-me de cinzas, as mesmas de onde nasceu.