terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sala de visitas

Pode ir, embora não me reste outra coisa senão deixar, deixar que o tempo, esse remédio do mundo nos faça esquecer, e perceber quando o tempo não mais existir, o nosso. Esquecer é tão possível quando o "sem" ainda não surge na linha do horizonte, aquela linha invisivel que se pode ver. Eu vejo, pena que é invisível pra vc como vai ser estar sem. Não há prepotência alguma, apenas sinto com alguma certeza junto a esperança que lhe foi tão aliada, e a ela me farei surda enquanto existir. A esperança é serena, sussurra, dificil vai ser tampar os ouvidos para os gritos agudos da agonia, segurar o desespero nos braços na tentativa do acalanto, e conter as lagrimas ao ouvir os passos pesados da solidão que vem vindo e que não me resta acolher senão com um abraço. Bem vinda tristeza, não esperava reencontrá-la tão cedo, imaginei que viria depois da visita do fim, que eu achei que viria só depois de ter sido feliz. Esse alguem que diz gostar de mim quis antecipar o sofrer, que o meu venha antes do dele, "vai ser melhor assim" ele diz, sem culpa, nem piedade, por achar esse sofrer pequeno, sem saber o tamanho do que deve vir com sobrenome: arrepender. Que ele tenha a sorte do não vir, aceito essa transferencia de dor, pelo amor. Falei demais em busca da certeza, que me gritou tanto até me fazer surda, da razão que perdeu a voz na tentativa de me salvar da exposição, que tentou me conservar na brandura do não saber, do deixar pra lá, do dar tempo ao tempo e quem sabe tudo seria diferente... fui eu quem antecipou tudo pela ansia de amar, de por fim ao sofrimento que acaba de chegar... com o fim. Será? Tempo.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Contra-tempo

A espera não dá mais, porque ja não me resta tempo. Não teriamos tempo a perder na unção, e se não, sei que terei todo tempo do mundo pra esquecer. Mas vc sempre consegue me fazer esperar mais um tiquinho, aliado a minha esperança traidora, empática as delongas do sofrer e do não. Suas vindas e indas são pra me provar que estou viva, e esta vinda ultima tem porta aberta pra sair, porque te dou a liberdade que amo, porque te amo, mas não haverá porta pra voltar, não só pela tristeza que precisa de um fim, mas pelo amor que me tenho. O amor que te tenho já lhe foi dito, já lhe foi expresso, já lhe esfregou a cara. E tudo que me resta é o seu querer ou a renuncia triste a tudo que somos, porque nos somamos e damos um, o primórdio ímpar, sem igual em nossas vidas. Valor imensurável, inestimavel tão perto de escorrer pelas mãos. Os corações batem no mesmo compasso, mas as mentes estão no contra-passo, e ja é tempo de sair do contra-tempo, dos desencontros que geramos do encontro que a vida nos deu. Os medos e as incertezas já não são nossos vilões, e a vida nos espera com um certo prazo que desconhecemos, e mesmo que ainda não seja o fim desse prazo, eu o porei pelo cansaço. Meu peito bate cansado do teu acelerar. Te faço promessa em vida, de que lhe amarei por todo tempo que me resta, com ou sem vc, digo que seria mãe de teus filhos, e vc meu unico amante, ao teu lado passaria eternidades, mas é preciso o fim da ansia e da angustia que nos seca feito planta abandonada ao sol, que depende da luz pra viver, mas que morre pelo abandono.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Nós

Eu não quis mais olhar nos teus olhos, mas perdi as contas de quantas vezes os vi procurarem minha boca, e quantas vezes a sua procurou chegar na minha. Por maior que seja a empáfia do orgão que tem como são, quão fragil é o que te resta de corpo, quando está a meio pé do meu. Nessa hora toda a angustia cai por terra porque me nomeia colona da tua. Sou baroneza e te sou nobre, tão pobre de vc quando quero, tão rica quando perto. Às vezes me dá vontade de virar tua cabeça com as mãos e não como já viro, mas como hei de vir, e te beijar daquele jeitinho q vc odeia, como quem quer ensinar, só pq nao admite q quer aprender, se deixar. E por mais que tente seguir, à sua maneira viril de se virar, não é capaz de ir, sem voltar, pq ainda te sou porto, do amor que se finge de morto, e que surge cara de pau a cada olhar. E daí vem aqueles risos sem a menor graça, impossíveis de conter, que já vem entregando tudo, e não há outro meio que não rir, quando se quer chorar. Chorar sobre a saudade burra, sobre a distância imbecil, inutil quanto somos. Só porque somos adoradores da dor mais do que amantes a nós. Os nós que nos amarram.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mal

Começa a me faltar sentimento pra falar de você, tua distância tem sido bem vinda, e por que ao final de todo amor pensa-se que ele nunca existiu? Eu penso que ele existiu, talvez só comigo, talvez só contigo, talvez a gente não viu. De tudo levo apenas a dor, daquelas palavras que pareceram tão sinceras. Não sei porque dei ênfase àquele "eu te amo", sequer pude imaginar dizer isso sem sentir. Vc sim. Mas eu te amo, e sei disso porque ainda quero ver a sua cara, e vc a minha, por isso sei que o amor não existiu, existe, sublime, tão altivo as nossas bobagens, as nossas palavras, a nossa amizade. Eu vou arrumar outro, vc já tem se arranjado, mas ninguém esquece o mal resolvido, o mal acabado.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Perto

Fim, te sinto tão perto... não só porque as manhãs não mais amanhecem cor de rosa naqueles inumeros tons do amor, nem pelo tom daquela voz, mas porque te quero. Nunca te desejei tanto quanto agora, tanto quanto quero teu sabio prevalecer. Quão inutil foi relutar por algo que vinha, que vem, e quão nobre foi o meu achar somente pela inocencia do sentir. A validez esteve no perecivel desencontro pela razão, na grandeza do permitir. Se deixar as cegas consciente soa burrice pra quem vê, mas talvez a burrice esteja no ver, pois ninguém sente como o cego. Não te julgo feliz, nem triste, te julgo ser, e espero nada menos que se aposse de seu trono, pra que então surja um começo, nessa eternidade onde nada começou, nem nada se acabará.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tortura

Eu sinto que quando me olha, é só pra me fazer faltar o ar. E quando chega perto, é pra ver meu quase desfalecer. Se falo, me mira a boca, só pra eu perder uma linha de pensamento. Quando me encosta, é só pra me ver perder o chão. Se me beija a boca é só pra me ver em desconcerto, em desalinho, em desespero. Exímio torturador, como te nutre me ver sofrer. Só não pede que eu caia sob os joelhos, porque não pede, obriga, obrigada pela maestria de dominar. Mas tamanha sabedoria não compele em me ver implorar. Minha rebeldia te inebria, me resta ainda o oculto que te fascina, não me tens inteira, e assim te domino, te abomino e te faço implorar. Há de me ter todinha, quando eu quiser, quando eu deixar.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ariranha

Ai se não fossem teus amores diversos, eu poderia crer num futuro já pretérito, indicativo de intermitente, preposição singular, artigo indefinido. Embora outrora houvesse amor, não sei o que há. Presente ar de solidão. Se há cada dia não me surgisse com uma, boa nova seria um. Aquele que aguardo capaz de amar um, pelo menos de cada vez. Aquele resguardo passado, que de dentro não saia, descobriu-se doador do muito amor empoeirado, recoberto de teias da armadeira que lhe introduziu o veneno dolorido e ardiloso que há muito procura qualquer droga que cure, ou algo que supra, ou algo que assopre. Quem diria... onde só havia lugar pra uma aranha, estás a dar abrigo a tantas outras prontas pra digerir vagarosamente o lhe resta de carne, do lado de dentro despeito. Se ao me ver, o coração voltar a pulsar, há de exalar o veneno transmutado repelente, então as pragas voltarão aos seus buracos, serás são. Meu amor não vai te doer, sou ariranha, meu habitat é de agua doce e calma, me alimento de peixe, mais especificamente: traíra e piranha, sou mansa, pantaneira e espero seu amor pelo resto de uma vida inteira.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Que dê empate

Cadê o amor que eu vi? Eu podia jurar tê-lo visto em teus olhos, tenho certeza de que estava aí da ultima vez que nos vimos. Acho que me embriaguei um pouco esta noite, os olhos embaçaram, recordo-me de quase não conseguir encará-lo, mas eu olhei uma vez, e teus olhos estavam tão desesperados, pareciam querer esconder algo, o amor que eu sempre vejo. Será que teus olhos possuem o teu mesmo dom de atuar? Não... não é possível, se tivessem conseguirias me encarar, mas também não conseguistes. Não queria que fofocassem. Falastes tanto, não me recordo de nada, salvo, o desespero do teu olhar. O que será que isso quis dizer... Seria o espelho da tua mente enlouquecida? Agora sabes usar espelhos? Será que vi o meu desespero? Quem será que nos maldizeu? Quem deixou de abençoar? Como nos falta a sorte, quão proxima é a morte de tudo que aconteceu. Carregas pedras numa mão, na outra meu coração tão invisível ao teu insensível. Palavras doloridas usastes pra ferir ou decifrar? Astúcia do bom jogador. E pensar que um dia te achei tolo, em outro, louco, mas sagaz jamais. Pode ser que estive certa, pode ser. Se não estive me ferrei por me achar esperta. Que tanto poder tens de colocar as unicas certezas que me restam a prova? Só aumenta meu fascínio se é isso que queres saber, decifrar. Mas aceito teu convite pro jogo. Colocastes as cartas na mesa, e eu também, se blefastes eu não sei, e tu também. Então veremos quem sairá mais machucado do combate, dessa brincadeira cheia de dor, e cheia de graça onde espero nada menos, nem mais, que um empate.

Sensacionalismo

Pensar horas, quase todas, na mesma coisa, pausado no play contínuo da vida, com os batimentos cardiacos descompassados, quase sempre acelerados, tão rock n roll ao ritimo bossa nova do passado, o coração tão sensível e tão imperativo aos olhos, hiperativas as lagrimas caem com qualquer lembrança vagabunda. Pra mim, estado de choque, pra outros, amor. Estar-se chocado às proprias sensações, permanecer-se irracional, sentimentos anarquitas de extrema esquerda, tiranos à ditadura da direita razão. Que confusão, que guerra! Antes uma terceira no mundo, que esta só em mim. Não sou a unica egoísta do mundo, que mal. Eu diria que sou como todo mundo. Eu diria que sou todo o mundo: decadente, carente, a passos curtos do fim. Eu só queria o fim da guerra. Meu sistema imunológico é inutil ao seu feromônio. Exasperador. Não há uma celula sequer que resista a mais fraca das suas. Desesperador. O cérebro já não dita, exonerou-se do cargo, e o coração por golpe de estado decretou reformas de base, emendas constitucionais, bipartidarismo: AMOR (governo) e SAUDADE (oposição controlada) sob ameaça de tortura e repressão violenta a toda e qualquer tentativa de racionalidade ou sobrevivencia social. Me resta loucura, essa aristocrata vai vencer.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Tersido"

Era um menino que olhava entre as cortinas de um imenso palco, onde brilhava uma mulher artista. Uma jovem de muitos talentos que encantava os olhos da platéia, do menino. A mulher nua, envolta num tecido vermelho dramatizava a dor em td a sua intensidade, lagrimas percorriam seu rosto, ela gritava, agonizou no chão, sangrou aquele tecido, e o menino não entendeu. A mulher bebeu litros de cachaça, dançou, riu de si mesma, vomitou, desfaleceu em sono profundo e o menino não entendeu. A mulher sonhou, e lá estava ela envolta no tecido rubro do amor, de olhos fechados e meio sorriso, e o menino não entendeu. A mulher acordou sobre trapos, recoberta em frangalhos, e com tristeza olhou pras sobras daquele tecido, a mesma tristeza do nunca ter sido... ela amava o menino, e o menino não entendeu.

domingo, 17 de julho de 2011

Terceira pessoa

Aquelas lentes escuras recairam pra que teus olhos pudessem encontrar os meus, balbuciastes algo que não faço idéia, mas teus olhos pregaram em oratória o que é o amor. Achei tão bonito, nunca havia encontrado tradução mais bela. Embora tua razão, esta que não tem razão, afaste teu corpo do meu, nossas almas enlaçaram-se numa dança poética embaladas ao som do querer. Pude ouvir o bater dos corações em harmonia perfeita e a nossa musica é tão linda, porém, tão soturna. Fala de um amor guardado, arriscado a padecer sem existir. Foi quando o mar revolto me veio as pálpebras, e desviei para um lugar qualquer o olhar prestes a se afogar. Ficou combinado. Vamos conversar sobre o que não falamos, mais uma vez diremos centenas de palavras que não dizem, num dialogo que só o medo compreende tudo que queremos dizer. Temo uma terceira pessoa que não aquela que arranjastes pra me substituir, mas a terceira pessoa do nosso singular: eu, tu, medo. Entretanto, o medo maior está na terceira pessoa do nosso plural: nós, vós, fim.

sábado, 16 de julho de 2011

Drogada

Depois da eternidade em desespero, a abstinencia me fez revirar na cama sem saber de tempo, quem dirá dia ou mês ou ano, sabe-se lá quantos quinquênios se passaram naquele lençol amarrotado em que desfaleci, faleci e ressuscitei tantas vezes, eu precisava tanto cheirar. Eu vi demonios, tive alucinações, bradei, esmurrei a parede, tive sonhos lindos, chorei... enclausurada em mim mesma, eu quis sair, eu queria ir embora, eu precisava cheirar. O corpo ardeu, e secou. Perdi peso, perdi agua, perdi sangue, perdi vc. Ainda em recuperação beirando a decadência, sua voz recaída então soou. Naquele minuto atemporal que se fez além de um sexagenário segundo, a paz tomou seu acento em meu peito como um anti-depressivo. O crepúsculo da calma iluminou a alma, as janelas se abriram e meus olhos ardiam. Acho que eu até sorri. Mas ainda assim continuo uma drogada, ainda sinto falta do que só a droga faz comigo: felicidade instantânea, alucinada, acelerada... eu ainda preciso cheirar. Cheirar vc.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Saudosismo do nunca

E por falar em saudade, acho estranho sentir saudade do que não foi, ou saudade do que estaria por vir. Eu sinto saudade de nunca ter deitado na sua cama, eu sinto saudade do nosso nunca namoro, do nosso nunca casamento, e dos filhos lindos que nunca teremos. Sinto saudade de nunca ter acordado ao seu lado, muito menos dormido e de nunca ter te visto dormir. Sinto saudade de nunca termos almoçado em familia, nem com a sua, nem com a minha, nem com a nossa. Sinto saudade de sentir que te terei pra sempre, embora tenha tido por apenas dois meses. Sinto saudade da musica que vc nunca cantou pra mim, e também da que vc disse que faria. Sinto saudade de estar com vc nos lugares em que queriamos estar e nunca estivemos. Sinto saudade de nunca ter olhado o mar ao seu lado, e nunca ter tomado meu vinho preferido com vc. E pensar que ja tivemos as estrelas aos nossos pés, e a lua ainda sob nossas cabeças que não abençoou o soneto mais belo já escrito. O medo dominou o futuro e tudo que somos e nunca mais seremos. O medo é mais forte que o desamor, que o desencanto. Quem dera fosse possivel o desencanto. Quem dera as fadas existissem e me fizessem como por encanto esquecer de você. Mas se elas existem não ouvem meu clamor, não sabem da minha dor, e então pediria que fosse meu no lugar de qualquer desejo que pudesse me ser concedido, eu não pensaria nem uma vez sequer. Me resta Deus, aquele que quase todos acreditam, pedir piedade pois tamanho é meu sofrimento, eu não me aguento mais. Às vezes peço que ele me leve, às vezes peço que me deixe leve, às vezes peço que me deixe de leve, me abandone no mundo e te leve até a mim.

terça-feira, 28 de junho de 2011

O amor não choverá

Uma semana. Uma semana pra sentir que eternidade de fato existe, e parecer não existir. Pros outros uma vida se passou, tanto aconteceu, altos e baixos das escalas de alegria e tristeza, de encontros e desencontros, de solidão e celebrar, e aqui vazio. Vazio de parecer não ser nada, muito menos alguém. Talvez algo que sangra, talvez algo que grita, talvez algo que sinta muito, mas que não vive, passa. Há alguns milênios parecia existir vida no alguém que costumava ser. Sou somente olhos, invisíveis ao mundo, que só fazem encherem-se de agua quando deparam-se a lembrança que enxergam no passado, esse que passou, mas que nao passa, padece no presente e reticente só pra encher os olhos d'agua. Vivo a morte que abriga um corpo no leito, em posição fetal definhando-se como se quisesse renascer, mas quer morrer. Quer dar adeus ao encontro do amor, que desejou sempre encontrar, com o lugar comum de que é belo, aos olhos de quem nunca o encontrou. Já diziam os poetas do passado que "amor é dor" mas ninguém lhes deu ouvidos, porque cegos enxergavam nas palavras belas que era algo bonito, tão bonito aos cegos tanto quanto surdos, tanto quanto burros. A razão nos dá olhos e ouvidos que negamos quando falha o coração. Ele nunca acerta mas ninguém nunca parou pra pensar, só porque nessa hora ninguém pensa. Então as desculpas aparecem pra justificar o que não faz sentido, tenta-se entender por que ama, mas a resposta não vem. O coração gosta de doer, deve ser por isso que sentimos a vida correr nas veias tão intensa quando dói e perceber que antes disso nao passamos de mera existência. Mas quando a dor é muita o corpo enfraquece, atrofia, seca, como planta abandonada ao sol, e o tão belo amor, não choverá.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Aprenda a ler

Foi tanta intimidade e hoje não imagino o que passa na sua cabeça. É tão medonho saber de todos os teus segredos e não saber do único que me mata. Um garrafal ponto de interrogação bem no meio do meu cérebro, onde nada se pode prever quando tudo parece tão óbvio. Sei tanto de vc e de repente me parece um desconhecido. Que quebra-cabeças... não consigo remontar a minha. Por um momento achei q tivesse nascido pra mim, apesar de não ter certeza se nasci pra vc, só porque é tão perfeito pra mim, e pareço tão imperfeita pra vc, que isso quase me faz descrer, mas quero tanto acreditar na tragédia, no nosso drama e nos nossos papéis. Me conta pelo amor de zeus e todos os deuses da mitologia grega, o que voce quer? Vc sabe? Tua resposta foi um dolorido silêncio, tão genial e dramático quanto seus gestos que às vezes me fazem ter certeza, e às vezes não dizem nada, se é que dizem. E então me mandou falar, só porque eu nunca falo nada, e eu disse um "quero ficar com vc", no sentido de que seria a mãe de seus filhos, passaria eternidades inteiras ao seu lado, e morreria por você. Mas vc achou pouco, e sinto muito se não captou o real peso e sentido que essa simples frase significa ao sair da minha boca. Eu sou assim: breve e sucinta, uma incógnita como vc diz, e então o que esperava? Eu não preciso dizer em palavras o que você pode enxergar em meus olhos. Sua insegurança e ansia de me ver implorar são vãs, falei até demais, mas o que fazer com quem está às cegas no instrínseco desespero inútil senão berrar? Nunca mais diga "eu te amo" se não for pra ser meu. Jogar no ar pra me testar? Acho que pode fazer melhor. Pode por exemplo enfrentar a covardia que lhe tange e lhe carrega como um bebê nos braços, onde encontra o aconchego e a paz do fácil... não seria mais facil cair em meus braços? Não. Porque além da covardia existe outro vilão em seu fantástico mundo do vitimismo, o medo. Esse sim é o próprio diabo, e haja coragem hein? Então seu "eu te amo" continua sem dizer nada. Volta pra ela, aquela que tenta tapar o seu buraco negro, universal e infinito que vc não consegue enxergar, mas ela sim. A intuição feminina é infalível, mas o amor é tão grande que ela deseja enfrentar. Veja que exemplo tem ao seu lado, ela não teme em se machucar. Não se ofenda por eu lhe chamar de covarde porque é tudo que você está sendo, apesar de acreditar ainda que não seja. Minha esperança não é pequena, vou morrer esperando, mas você nunca vai saber, até o dia que olhar em meus olhos e souber ler.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não

Eu achei que era brincadeira
mas o não me soava surdo
hj me soou em brado
e veio como um suave vento do ártico
a frieza estilhaçou a alma
pedaços aos montes é tudo que sou
sem cola e sem conserto
não há fogo que me acerque do frio que sinto
não há boa noticia que me faça crer
não há vazio maior que o meu
não há dor que me doa
não há tristeza que me deixe triste
não há mágoa que me magoe
nada é pior do que sinto
a morte é tudo que me convém

terça-feira, 31 de maio de 2011

Game is over

Esquecer, deixar passar
tempo, paciência, tempo
largar o telefone, omitir
tempo, paciência, tempo
ocupar-se ou fingir isso
tempo, paciência, tempo
ser indiferente ou fingir isso
tempo, paciência, tempo
fazer-se de desentendido ou fingir isso
tempo, paciência, tempo
não sei esperar, nem tenho paciencia,
não esqueço, não sei deixar passar
não sei fingir, durmo ao lado do telefone
impossivel ser indifente. Omitir? Desentendida eu?
Só quero saber quando é que vou te ter.

O que não é bom

Eu gosto de falar é de tristeza
porque se estou feliz só consigo sorrir
não sei explicar, nem contar a ninguém o quanto é bom
só sei dizer do que não é
sei todos os detalhes
e em detalhes tudo o que me dói
Meus anseios são tão claros
minhas angustias, minha saudade
e a vontade, essa sim, tão cruel
a falta, a demora, o tempo
o vazio, as lagrimas...
ninguém quer ouvir
senão as paredes
que incomodo aos berros
mas alguem tem que ouvir
alguem tem q saber da minha dor
é a maior do mundo e só eu sei disso
e eu quero que o mundo inteiro saiba
o quanto doi morrer de amor

terça-feira, 10 de maio de 2011

Good night my lover (inspirado hj pela incrivel musica goodbye my lover de James Blunt)

To indo dormir, e mais uma vez vc vem comigo. Adoro vc de moleton, me faz querer te abraçar pra sempre. Vc vem com esses olhinhos pequenos, de profundeza infinita e sem gravidade, de perdição certa de um eterno voar e consegue enxergar além dessa estrutura ossea e carnosa que te alimenta sempre que o desejo vem. Um pedaço de carne, assim esdruxulo é tudo o que eu sou se eu não puder me encher em teus olhos. Olhinhos. Vem, deita aqui, deixei um espaço pra vc, um espaço enorme no meu peito que ja não cabe mais em mim. Na verdade não existe mais espaço pra mim. Eu sou um vazio ambulante que perambula pelas ruas feito um cão abandonado que guarda por uma eternidade um cheiro que se quer tão desperadamente encontrar denovo: o cheiro do seu dono. Eu quero voltar pra casa, pra sua casa e ser tão somente sua, nua em seus braços completamente indefesa a furia da minha vontade. Mas estou pelas ruas sob tempestade olhando pro céu de boca aberta pedindo a Deus que toda essa água encha o que tenho de fundo. Vejo outros vazios caminhando de guarda chuva a minha volta, mas ainda não vi nenhum maior que o meu. Eles me olham com medo e tenho medo do que vêem. Eu te amo. "Eu te amo" é uma frase tão barata que se servisse pro amor, todos teriam um. Deixa pra lá, só não me deixe, vem cá, é serio, deita aqui... me deixa ver vc sonhar, preciso ver aquela cara de anjo e de meio sorriso, deixa eu tentar adivinhar mesmo que jamais saiba o que se passa ali. Vem aqui, me deixa enconstar o nariz no teu e não me deixa respirar nenhum outro ar que não seja o seu, nem me deixe ver nenhum outro olhar que não seja o meu, no teu.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Carta última (não sei se última)

Creio ser esta minha carta ultima,
não posso mais.
falta coerência... por quê te querer?
Eis a questão de todo ser humano,
entender por quê querer alguém que não lhe quer.
Talvez a resposta more na propria pergunta:
"porque esse alguém, não lhe quer".
Que estupido.
É tanto amor intrínseco,
resgardado, parado, vivo,
querendo sair.
Mas não sai.
Fica lá,
só querendo... e só.

O amor sozinho é o mais puro e mais bonito,
um livro abandonado q nunca foi lido,
uma história triste com os mais belos versos,
escrita pra ninguém ler.
Tanto disperdício justifica o suicídio,
a morte própria de quem não quer viver
senão o amor que sente.
Justo.
Injusto é tão ter uma chance.
Injusto é não viver o romance.
Injusto é viver.
O que fazer com um coração inquietante
senão um punhal no peito incessante
pra ver se para de doer.
Te querer,
que inferno.
Aonde é que o diabo mora pra eu acabar com a vida dele.
Tantos outros mortais e tenho que gostar justo daquele,
aquele maldito e sagrado que não me quer.
Tuas juras,
malditas injurias
e hoje nenhuma palavra sequer.
Entende agora porque preciso te matar?
Olha a hora 3:05 e deve estar a sonhar,
e nem sonhar com a minha aflição,
no teu sono indiferente.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ator

Vc é ator
como pode querer que eu creia em qualquer palavra tua?
parecem bolhas de sabão, coloridas, soltas ao vento, vazias e explodem
bem no olho, arde o que eu não quero ver
palavras não me bastam
segredos sim
e sei dos teus mais secretos lembra?
Mas vc não sabe do meu
Eu te amo, é... mas vc não sabe
e nunca vai saber o quanto
só porque vc fala tanto
e nunca para pro porvir
Vc pode ser quem vc quiser
todos aqueles que amo, e todos os que eu odeio
menos o que não me sai da cabeça
esse não me engana, me ilude
ilusão consciente
aquela que a gente gostar de ter
gente retardada, é eu sei
mas o fato é que eu acho que gosto de ser retardada por vc
retardada é melhor que dizer apaixonada
assim me sinto menos retardada por assim dizer
se vc gostasse de arte
deixaria meu amor atuar no seu palco
mas deixa pra lá
o amor é tão mau ator que...
deixa pra lá
deixa tua arrogancia reinar no centro de todas as atenções
essa brilha mais que o ator, que o amor, que a dor
e tudo mais que rimar com o horror
só me tira do teu roteiro, por favor
estou farta de ser sua dançarina, sua cafetina, sua bandida,
sua carolina numero 2 ou 8
numero 1 eu ja sei nunca vou ser
nem quero ser como as outras atrizes que lhe encantam
porque eu não sei atuar
só sei escrever história
essa que não tem fim.

domingo, 17 de abril de 2011

s/ nome (27 de Abril de 2009)

Nas páginas encontrei
Versos que me amavam me mentiam
então a sorte me faltava
quando às cegas me deixava
me traiam! me traiam!

O cigarro aceso sob a mesa
mata-me aos poucos teus versos
na penumbra noturna
candura tortura
senão teus amores diversos

Deixa-me entrar
pelas portas entreabertas
onde nada se pode ver
além do que devo esquecer
quando deparo-me às descobertas

A ti ofereço
toda minha obsessão
o que atribuir ao destino
senão o encontro repentino
desencontrou-me lucidez então

O amor é pequeno
maior que isso loucura
debater-me em meus braços
pelo anseio de nossos laços
me desperta paúra

Os sonhos então encontraram-se
surpresos: meu olho e o teu
Noiva negra beleza
Intelectual príncipe realeza
Não bastou o encontro em seu apogeu

Ironia
Bastava-me não encontra-la um dia
pra que então neste dia eu pudesse sorrir
pra que então com fé eu pudesse seguir
e de ti não riria

Corrói (9 de janeiro de 2010)

Corrói-me a censura
anulada tua presença
que quero e não quero
pois de outra estou satisfeita
mas o cantar dos quero-queros
desperta a todo instante
a dançar os teus boleros
de fascinio inebriante
que tortura tua incerteza
teu misterio, tua nobreza
teus caminhos tortos
que raspam nos meus tão certos,
tão seguros, tão mortos
quero ir pro teu deserto
que de certo me perderei
me perder em ti
pra me encontrar

sábado, 16 de abril de 2011

Carta nº5

Meu gato berra neste instante, me chamando pra dormir. Mas eu quero ficar aqui acordada pensando em vc, pensando no que escrever, pensando que não me escreve mais, vivendo a nostalgia dos nossos eternos dois dias, o saudocismo das tuas cartas que nunca mais. Eu continuo aqui no mesmo lugar, na mesma cidade, na mesma saudade, na mesma esperança de sempre. Nada mudou, a não ser as cartas que não mais recebo e o medo que antes existia pequeno e agora me toma conta - será que te perdi pra sempre? - isso me toma conta quando VOCÊ deveria me prestar contas. O que vc fez comigo? Me devolve, eu não quero ser sua. Nunca quis ser. Devolve a minha calma, meus pensamentos sãos, minha alma, meu coração. Que inferno, e nem me vendi pra vc que reina nesse ambiente de furor e desespero, fogo e menosprezo comendo o bom que vc amassou. Eu te odeio. Meu gato te odeia mais ainda. Covarde. Podia ao menos me encarar, chegar mais perto, sem aquela tua vaidade... vulgar. Queria ver vc resistir a nossa dança... mas prefere agir feito criança, então fuja! Vá se danar!

Eu queria que essa carta fosse romântica, palavras na mais perfeita ordem semântica, dissonante a tudo que é você, só pra ficar bonito de ler. Mas vc sempre me tira do sério, me faz doer como em puerpério, e não há dor maior quando algo quer nascer.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A tua volta

Bandeira vermelha
e vc nem viu
ou fingiu que não
foi só pra te lembrar
lembrar q ja esqueceu
porque?
o que será de tão grave?
tão grave quanto esquecer?
Daqui eu to te vendo
e de repente parece existir vida
mas é só nesse instante
que dura até quando vc vai
e o que fica são horas
2:20 e o que foi mesmo q eu te fiz?
só eu sei a eternidade que vivo
esperando resposta
a tua volta

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Carta nº4

Em alguma nota de jornal, algum blog popular
eu preciso saber de você seu Pop.
Sei que anda pelo rio, às margens
à procura de unhas vermelhas, rabos de saia, saltos agulha
cantarolando algo, filmando algo, fitando...
a procura de dirigir, mas não dirige seu carro
pedindo a Deus, aquele que não suporta qdo ouve falar de tragédia
pra que te ajude a alcançar o samba pefeito, o samba seu...
quem dera ser maria pra te abrir portas, e ser palco pro teu mastro rijo erguer seu estandarte que um dia quis cravar em mim.
Em mim seu pendão não penetrou, caiu sobre mim pesado
e sou parte dessa pátria de mulheres incríveis
sou colônia explorada e esquecida
sou africa de dentes brancos e boas curvas
farta de temperos que enchem sua boca de água
aventura, prazer e entorpecer
aquela velha e boa história
história, lembra? da nossa...
não me sai da memória, nenhum dia
que bosta

Normal

convite
quase não
perrengue
produção
assuntos profissionais na multidão
normal
performance
surpresa
beleza
silêncio
enrrolação
silêncio
banho
sexo
banho
sono
sem sono
bom dia
sol
café da manhã bom
faxina
trabalho
desfile particular
passar camisa
dvd
beijo no rosto
até mais ver
tchau

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Função

Dá pra responder logo? Ou terei eu de atropelar novamente minha frívola empáfia pra ter uma de duas respostas? Simples: sim ou não sei.

Nem que cravassem meus dentes sensíveis no gelo poderia haver mais dor e mais frieza que a tua singela indiferença. Até agora não posso crer. Tenho em minhas mãos algo que pouco mais de um milhão morreria pra ter, e te ofereci, assim de mão beijada, lambida e você não sabe se quer. Às vezes tenho vontade de te matar, às vezes tenho vontade de te beijar por ser assim. Por rasgar meu peito ao meio sem se importar e sem saber. Me encanta o seu não saber que te amo, o seu não saber que morreria por você, o seu não saber da minha vontade de te matar. Você me irrita. Tua perfeição me irrita e eu fico querendo colocar defeitos em vc, quando sua indiferença é linda. Aclara minha soberba insignificância, me bota no meu lugar em brado. Quem eu penso que sou pra te obrigar respostas quando a beleza está no não saber. Eu te amo com todas as minhas forças embora não saiba bem o que isso signifique. Quero todos os seus prótons, elétrons e neutralize-me por favor. Eu não aguento mais essa fissão nuclear de tanto te querer.

Meu nariz escorre como cataratas agora, deixei-me pegar pela gripe por sua causa, e se meu nariz chora é porque meu olho não aguenta mais. Se em ventura me disser que sim, e não puder sentir o seu cheiro porque os orgãos dos meus sentidos trocaram de função, saiba que meu corpo não terá outra função, senão, morrer.

Monalisa (o)

Acho q nunca falei de você, porque nunca cri em qualquer futuro que seja, ou que fosse, ao ver aquela fila. Mas isso sempre me intrigou, pois, não sei exatamente em que dia foi que entrei nela. Até hoje não sei q lugar ocupo, particularmente até gostaria de saber, mas de fato nunca me importei desde que chegasse a minha vez. Às vezes eu queria saber o número da minha senha, só pra saber se falta pouco ou muito pra controlar um pouco a minha ânsia muita. E toda vez que meu número é chamado, eu acho que é sonho. Não que um dia eu tenha acreditado que fosse verdade, porque não sei se posso chamar de surreal uma realidade. Digo "uma" porque essa realidade surreal é particular, minha e sua. Diferente da que se ouve falar, da que se quer acreditar, ou seja lá o que for a realidade que já chamei de surreal.

É engraçado alguém "ter" uma fila, distribuir senhas, e ser tão generoso nessa arte de dividir o que há de mais belo. É como a Monalisa que está a espera de seu dono que a arrematará por um valor inestimável, imensuravel, sendo digno, que sá, de quem a souber roubar. E enquanto esse dono não chega, ela fica lá, disponivel somente a vista, meio distante, num cubo blindado, por alguns segundos a milhares de interessados que tanto gostariam de tocá-la, de tê-la.

Às vezes fico olhando vc aqui da janela, e tá tão perto... imagens guardadas na caixa que compartilho com a sua fila. Quase uma humanidade inteira a sua espera e vc quase sabe disso. Se eu direcionar a seta universal ao seu nome, e movimentar os dedos querendo dizer palavras, chego até vc na velocidade da luz mas... tenho que fingir que não ligo, me fingir de ocupada, me fingir de omissa, de recatada quando tudo o que eu quero é dizer: te quero. T+e+q+u+e+r+o+enter. Antes tivesse um botão escrito "sim" no teu teclado. Antes o teclado levasse ao pé do teu ouvido as palavras que tento escrever. Antes as imagens que estão tão ao meu alcance me pudessem fazer te tocar. Antes a velocidade da luz te trouxesse pra mim neste segundo. E neste segundo eu só tenho a janela, o cubo blindado ligado a tomada, o teu nome que se diz off-line, uma senha a chamar, pensando num modo de ser seu dono, de te roubar.