sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Carta nº 1

... pra isso eu precisaria de liberdade. Logo eu, que me considero tão liberta e tão radical... Tão revolucionária não consigo me desprender das próprias grades em que me crio. Pra revolução é preciso coragem e me falta muita. Acho que é preguiça, quando se falta ainda a certeza. Crer. Jamais cri no que pudesse vir dalí, nada além do dionísio que parece tão à minha espera, convidando pra dançar. Vamos bailar, pegue em minha mão e olhe bem dentro dos meus sonhos. O que você vê? Espelhos por toda parte aposto, por isso não pare de olhar, fique aí pra sempre, olhando. Mas não me faça beber desse vinho, nem toque essa lira pra mim. Vamos dançar ao som do silêncio como costumávamos fazer. Mas diga: como andam os corações dilacerados? O meu tá bem. Mentira. Roubaram. Mentira. Não sei. Vamos mudar de assunto? De que adianta saber, o que vai mudar? Pintei as unhas de vermelho. Queria ver esse frisson. Que saudade do que não foi. Lembra? Quantos dias mais durarão esse dia? E tudo que veio e que ainda vem dele? Acho que eternidades. Sabe quantas horas? Quatro. Quatro pra escrever e quatro da manhã. Tantas horas só pra achar um jeito de esconder, aquilo que não dá pra esconder mais. Mas é fraqueza. Maior do que coragem, maior do que liberdade, maior do que revolução, mas não maior do que um sim.

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